Era uma noite agradável de primavera. Apesar da tempestade que havia caído naquela tarde, o céu estava límpido, sem nuvens; era noite de lua cheia, e milhares de estrelas radiantes enfeitavam a luda, que brilhava num tom alaranjado. Porém, mesmo em meio a tanta iluminação natural, estava tudo escuro demais. O quarto estava com a luz apagada; Sofia precisava dormir. Noites como aquela a faziam lembrar do que havia acontecido no passado. Sentia vontade de chorar, com o coração apertado de saudade... E quando a primeira lágrima ia descendo, Sofia começava a pensar em soluções para seus tão cansativos problemas.
Era difícil enxergar até mesmo seu próprio corpo. A sensação era estranha, como se ela não fosse capaz de controlar o que possuia, muito menos conduzir sua vida até um lugar que ela não sabia nem se realmente existia. Sua mente trabalhava a mil por hora, e chegava sempre à mesma conclusão: Sofia o amava, e não tinha como lutar contra isso. Necessitava de sua presença, do conforto de seu abraço, sentir seu perfume, olhar em seus olhos, sorrir seu sorriso...
-- Mas que droga, Sofia! O que, diabos, você tá pensando?! -- perguntava para si mesma. -- Ele tá com outra. Ninguém mandou você fazer o que fez! Saco! Como eu me odeio, nesse momento! Como odeio as escolhas que eu fiz!
As horas iam passando, e mesmo que sua mente e razão dissessem que nada mais podia ser feito a não ser esquecê-lo, o coração passional e apaixonado de Sofia teimava em dizer que aquela história não havia começado para terminar daquela forma. Eles tinham tnato em comum! Algo além de seu amor dizia a ela que aquele não era o momento de desistir de tudo que eles viveram.
-- Como e quando é que as coisas se inverteram? Ele que sempre foi apaixonado por mim! -- Sofia tentava, de todas as formas, entender como a situação havia chegado até aquele ponto. A partir de algum momento daquela complicada história, ela havia perdido completamente o controle da situação. Ela só não sabia qual era esse ponto.
Mesmo sabendo de seu ensaio da apresentação de ballet às 8hrs da manhã do dia seguinte, a menina fechava os olhos, e não conseguia dormir. O único que conseguia ver em seus pensamentos era ele, Cauã. O grande amor de sua vida.
Durante toda sua adolescência, Sofia sabia o que já estava escrito antes de ambos sequer nascerem. Ela e Cauã seriam para sempre, e ponto final. Porém, agora que estavam com quase 20 anos, não era exatamente para esse lugar que as coisas estavam caminhando... Isso entristecia Sofia de uma maneira incrível. Era como se ela estivesse sentindo o chão desabar, mesmo mabendo que ele já não estava ali a muito tempo. Ao perceber isso, Sofia parou de pensar. Seus olhos molhados pelas lágrimas, ficaram desfocados na direção do iluminado céu, sua mente num silêncio absoluto, e seu corpo num estado indefinido de imobilidade. De repente, algo chamou sua atenção. Uma linda estrela-cadente cruzou o céu, e quase sem acreditar, Sofia, com os olhos bem fechados, sussurrou para si mesma:
-- Uau, é maravilhosa! Nunca, em toda a minha vida, eu havia visto algo tão lindo assim! -- Sofia já havia ficado horas olhando para o céu, só para conseguir ver uma estrela-cadente; já havia pedido, de todas as formas possíveis, para que aquilo acontecesse, mas seu desejo jamais havia se realizado. E, por isso, ela acreditava, piamente que aquilo era um sinal. Por que, aquele sonho se realizou naquele momento, onde ela estava desiludida, quase sem acreditar que tudo poderia acabar bem? Por que, exatamente naquele instante de sua vida? Com um tímido sorriso se formando no canto direito de sua boca, Sofia prometeu a si mesma que não iria desistir. Nunca.
Postado por
Aninha Villar
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